Estou há mais de uma semana sem voz. Completamente afônica. Só converso o mínimo, por meio de suspiros…
Nunca passei por isso antes. E cá estou, em um retiro de silêncio obrigatório.
Decidi escrever para compartilhar um pouco do meu retiro forçado.
A primeira coisa que vem à minha mente é: como sou barulhenta, em pensamentos.
Minha mente NÃO PÁRA um minuto sequer… O tempo todo está montando diálogos, analisando coisas, criticando outras, tecendo comentários escrotos e agradáveis para diversas situações que eu mesma fiz e passei por.
Overthinking que chama, né… pensar demais.
O que eu fazia quando era barulho demais?
Nada. Parava e tentava ser uma mera observadora da própria confusão que minha mente criou. Na maioria das vezes, eu consegui me desconectar e ficou mais fácil de "parar de pensar", se é que isso existe…
Também percebi o quão diversa é minha mente. E muito criativa também. O que a torna mais barulhenta ainda, porque é um turbilhão de ideias em poucos minutos. Coisa de doida, né?
O bom nisso tudo é que eu passei a me observar. O que eu pensava, quando vinha tal pensamento, por quê ele surgia naquele momento, o que significava o pensamento, se era uma crítica, um elogio, um aborrecimento…
Conclusão: raramente era um elogio. Eu mesma me coloco para baixo, me critico. Definitivamente não sou a minha melhor amiga. Porque eu não falaria para nenhuma amiga aquilo que eu pensei de mim mesma, nessa semana de silêncio forçado.
E eu pensei: "Pqp Carolina… chega de se autocriticar demais! Seja mais gentil e compassiva consigo mesmo."
E agora estou me policiando, para quando o pensamento crítico depreciativo vir, eu observar ele de fora, deixar ir e me encher de carinho e amor próprio. Mas tem sido um exercício bem desafiador… Porque foram muitos anos me auto depreciando, para tentar alcançar um nível X, que na minha cabeça é possível de chegar, mas nunca será. É aquele ponto não suficiente… nunca será suficiente. Nunca serei suficiente.
Para quem? Para mim?
Mas já sou, não?
Para minha mente, não sou. Talvez também para a minha criança, ainda não sou.. e eu pergunto para ela, o que mais falta?
E um dia eu tive a resposta. Falta eu ser eu. Quebrar a bolha da expectativa alheia que um dia foi criada sobre mim, para eu ser alguém que eu nunca serei… Porque não nascemos para cumprir expectativas dos outros, nem da mãe, nem do pai, nem de ninguém. Nascemos neste mundo para sermos nós mesmas e ter a coragem de furar bolhas das expectativas alheias.
Acho que estou nesse momento. Finalmente…
É extremamente desafiador e corajoso segurar a p1c4 de quem você realmente é. E mantê-la no longo prazo.
Por isso, nem tô achando tão ruim ficar em um retiro de silêncio forçado. Foi necessário, eu acho. Sem isso, talvez não teria chegado às conclusões que cheguei e talvez não tivesse coragem de tomar decisões e fazer ações difíceis de serem feitas nos dias de hoje, frente às incertezas da vida. Mas eu consegui. Pelo menos, dar um primeiro passo.
Obrigada lesão nas pregas vocais por isso.
E que eu volte a falar quando for o momento apropriado. Espero que em breve!
Tb me pego as vezes me depreciando e “do nada” estava bem e começo a ficar triste . Tenho feito esse exercício de me ver diferente e de ter amor próprio! Obrigada por compartilhar , Carol ❤️